Ato ou efeito de ressoar, de repercutir
Esta palavra me leva aos velhos idos do final da década de 1950, meus bons tempos de infância na cidade de Riachão dos Dantas-Se, quando os alto-falantes, chamados de cornetas, eram a nossa festa e alegria o nosso entretenimento para ouvir e oferecer músicas, como também instrumento ressonante das afrontas e farpas de políticos adversários nos comícios em praça publica no auge da campanha eleitoral.
Momentos aqueles inesquecíveis para nós inocentes crianças, que tínhamos naquele instrumento algo importante que alegrava-nos os fins de tarde, ali também na cidade histórica de São Cristovão-Se, onde desfrutei algum tempo juvenil, enfim por várias partes deste país os serviços de sons, era a coqueluche que com seus entusiastas locutores nos traziam as últimas (atrasadas) informações do dia, que de imediato repercutia entre os senhores atentos e ávidos as novidades da política da capital e da nação. Dependendo da importância da figura ou figuras envolvidas no fato novo ora noticiadas, e a intensidade, entonação de voz do narrador e os efeitos sonorizados utilizados para tal fim, através daquele canal de comunicação, tinham uma repercussão de maior ou menor intensidade entre a população, alterando as ações e reações comportamentais dos receptores, em função da ressonância dos acontecimentos.
É natural que nós seres humanos, inteligentes, perceptivos e reflexivos uns mais outros menos, resultante de fatores diversos entre eles, genéticos, enfermidades, contrariedades e outros, que marcaram com seqüelas o metabolismo de alguém, ou mesmo pessoas que se deixam atrofiarem-se em suas funções cerebrais pela falta de exercitação mental e vários determinantes, que infelizmente vão aos poucos levando as criaturas a letargia, desligados, apáticos as circunstâncias e perigos que os cercam, a exceção a tais, somos seres antenados, precavidos, vigilantes e, por conseguinte mais defensivos e aptos a rechaçar as más investidas que a vida nos apresenta e tentam nos tragar. Por que isto, pelo fato de alguém ter sito veículo da informação, caixa ressonante propagadora das mensagens ou anúncios expedidos bons ou ruins, trocando em pormenor, nossas ações mesmo subentendidas, pode ressoar de forma construtiva ou destrutiva. Outro fator relevante é a consistência e comprovação dos fatos que respaldaram o informe transmitido? Verdadeiros, fontes fidedignas e confiáveis? Ingredientes que estão ao nosso alcance, para reconstruir ou destruir sentimentos humanos.
Fiz propositadamente este preâmbulo, com o intuito de levar-nos a uma auto-avaliação dos nossos atos, que como uma marola, desencadeia em maiores ou menores proporções resultados edificativos e ou destrutivos em vidas que estão ao nosso redor, nas ruas, nas escolas, nas igrejas, nas faculdades, no trânsito, nos mercados, supermercados e por aí vão, que de conformidade com esboço de minhas ações e reações, imprimirão marcas, laços, traços, cicatrizes e mutilações em nossos sentimentos, incorporando-nos compulsoriamente os efeitos nos relacionamentos sociais, por vezes pautados e alinhados unicamente e tão somente pelo ângulo que fomos formatados em nosso habitat, não raras vezes recheados de preconceitos filosóficos e dogmáticos, fato resultante de uma caixa retumbante trombeteada pelo orgulho e vaidade de alguém ou de algum grupo na defesa a qualquer custo de suas idéias, sem permitir nenhum contraditório, ferramenta indispensável na construção de uma sólida democracia. Quantas ocasiões, às vezes inconscientemente estamos a refletir nosso particular espelho da soberba e egoísmo, que marginaliza e despreza os que estão à beira do nosso caminho a espera de um lenitivo de nossa parte, na expectativa de alguma boa noticia ou um mavioso gesto melodioso manifestado por nós que possa revitalizar aflitos e desprezíveis corações, oriundos das vibrações não só sonoras mais atitudes silenciosas que ressoam e retumbam como um bálsamo refrescante nas almas amarguradas e decepcionadas, fruto de uma ressonância perversa, humilhante e degradante que alguém, infelizmente alardeou suas façanhas e realizações em atitude de supremacia e superioridade aos circunstantes, considerando-os em grau de inferioridade, contrário ao que nos diz a Bíblia em Filipenses 2.3 ‘’Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores’’.
Conclamo no final destas simples linhas, a uma tomada de novas condutas no inter-relacionamento interativo nestes últimos dias que antecedem a volta gloriosa do Senhor Jesus Cristo, tempo este cada vez mais evidente, através das manifestações preconizadas pela Palavra de Deus, quando o Apostolo Paulo escreveu ao jovem Timóteo, destacando aproximadamente vinte características dos homens dos dias finais; egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, e várias outras expressões de criaturas que vivenciam uma dimensão estritamente carnal, dirigidos pelas obras da carne, resultando em conseqüências danosas e cruéis em vidas humanas, que carecem do nosso carinho, abraço, solidariedade, aceite e acima de tudo respeito a sua personalidade, ajudando-as a restaurar o seu caráter porventura deformado pelas mazelas explicitadas por semelhantes afetados pelas terríveis bactérias infectadas, oriundas de corações revoltados, decepcionados, frustrados e amargos, pelo resultado do pecado, como nos diz Romanos 6.23 Pois o salário do pecado é a morte, mais o presente gratuito de Deus é ainda eterna, que temos em união com Cristo Jesus, o nosso Senhor. Nós conhecedores e comprometidos com os ensinos Sagrados, que professamos e explicitamos as verdades eternas pelo exercício religioso, freqüentando uma denominação, cantando chorando, falando línguas estranhas, profetizando, em fim somos cuidadosos e dedicados na liturgia do culto e tudo isto é bíblico e correto, assim continuemos a realizar, mais o ponto principal, ecoe, retumbe ,ressoe de nós ações e reações de amor e consideração ao nosso semelhante como ele é, sem preconceitos e acepções porque a linha dogmática e litúrgica dele é diferente da sua, proceda com equidade, e assim estaremos sendo uma boa caixa ressonante.
Autor
Valdison Touirnho
Pastor e Radialista
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